Entrevista coletiva
Por: João Carlos Sihvenger
Primeiramente, antes de Guto Ferreira iniciar sua entrevista, o CEO do Coritiba, Carlos Amodeo pediu atenção de todos para três pronunciamentos:
Júnior Chávare:
“Queremos agradecer ao Júnior Chávare por tudo o que fez pelo futebol do Coritiba, nos últimos quatro meses em que esteve aqui, profissional muito competente, muito amável, sempre disponível para todos e a todo momento. Quero fazer uma justa homenagem em nome do Coritiba e em nosso nome, mandar nosso abraço e carinho para a esposa, D. Mara e aos filhos Eduardo e Jéssica. Chávare teve oportunidade de estar com sua esposa nos últimos 10 dias, ela mora em Minas. Agradeço também a todos os clubes brasileiros que mandaram mensagens de pesar, o que demonstra o reconhecimento dele no futebol brasileiro, não apenas no futebol do Coritiba, sempre deixou legados de companheirismo, profissionalismo, em todos os ambientes onde esteve. Quero destacar a personalidade e hombridade da nossa comissão técnica e dos atletas, o Chávare nos deixa tendo formado um grupo de homens de caráter e personalidade, que apesar da dor de ter perdido seu comandante de futebol, em nenhum momento cogitaram não jogar a partida de hoje”.
A questão da punição à torcida:
“Quero fazer um agradecimento especial à torcida do Coritiba, que veio em grande número. Apoiou o clube pacificamente ao longo dos 100 minutos de jogo, e registrar a inconformidade da diretoria com a punição excessiva do poder judiciário, dos torcedores inocentes que não participaram do episódio do estádio da Vila Capanema, 344 mulheres e crianças estão proibidos de entrar no estádio sem que tivessem participação nos episódios. O Coritiba apoia e acha correto a punição exemplar dos infratores, mas jamais a globalização da pena. O Coritiba intensificará ainda mais suas ações em defesa do nosso patrimônio maior que é nosso torcedor, não descansaremos enquanto não conseguirmos mudar este cenário”.
Arbitragem do campeonato paranaense:
“Hoje foi a penúltima rodada da primeira fase do paranaense, e nós executivos de futebol, queremos valorizar o produto que é o futebol. Essa valorização parte da qualificação dos times, da estrutura dos estádios, mas também da qualificação da arbitragem das competições. Quero dizer que o nível da arbitragem do paranaense é inqualificável, muito baixa a qualificação da arbitragem em todos os jogos. Na semana passada marquei uma reunião e foi muito bem recebido pelo presidente da FPF e pelo chefe da comissão de arbitragem, onde apresentamos vários lances de partidas do Coritiba onde aconteceram erros graves de arbitragem e em praticamente metade dos lances mostrados houve o reconhecimento por parte da FPF de que aconteceram erros, e houve o comprometimento da FPF com a qualificação da arbitragem, mas a qualidade das arbitragens continuou a mesma e hoje no clássico dos 100 anos a qualidade da arbitragem foi baixíssima e confusa. Arbitragem que no primeiro tempo deixa de dar o cartão amarelo para o jogador do A. Paranaense num lance em que ele mesmo (o árbitro) mostra com o cotovelo como foi o lance, por que não pode dar o segundo amarelo? Tenho certeza de que é por baixa qualificação e não por tendência. E no segundo tempo, num dos lances que fomos discutir na FPF, o nosso atacante Brandão ultrapassa o último defensor dando um tapa para dentro da área, não para fora, isso era passível de vermelho, mas recebeu amarelo, em compensação, cada vez que o jogador do Coritiba ia reclamar com ele, tomava amarelo, isso é falta de critério, o produto futebol paranaense não será valorizado se não tivermos, além de qualificação de estrutura e outras coisas, a qualificação da arbitragem da competição. Faço um apelo aqui para a FPF, que para as fases subsequentes do campeonato que revise a escalação da arbitragem para melhorar o produto campeonato paranaense, é isso que buscamos”.
Após o pronunciamento de Amodeo, Guto Ferreira começou a responder as perguntas dos presentes. O treinador começou falando das perdas de Vini Paulista e Fransérgio:
“A perda dos dois jogadores, muito deve-se ao calendário absurdo que temos, e olha que estamos rodando bastante o elenco. São 10 partidas pegando campos extremamente pesados. A lesão do Fransérgio foi de um escorregão, e a do Vini foi de desgaste, mas o mais importante é que estamos trocando jogadores, e fazendo com que o Coritiba não perca a atitude, entrega e qualidade. A equipe que esteve mais perto de vencer o jogo fomos nós, com bolas na trave, com situações de defesas do goleiro, eles jogaram no nosso erro, não foi uma equipe que buscou impor o seu jogo. Nossa equipe vem crescendo e mostrando que rivaliza com qualquer um, é um time corajoso, que impõe a sua qualidade, e os avanços vão acontecer na hora que conseguirmos padronizar em termos de condição física, técnica, de treinamentos de ideias de jogo e quando isso acontecer, tenho certeza de que vamos chegar num patamar bastante interessante, não só para essa competição, mas nas competições nacionais que teremos pela frente”.
Guto falou também sobre o posicionamento do Bianqui no jogo de hoje, disse ele: “É um jogador que consegue compensar algumas dificuldades nossas de estatura, o Figueiredo é um jogador de muita mobilidade, então estamos criando movimentos em que Bianqui e Figueiredo se alternem, é um jogador que tem como forte o ataque à última linha, hoje numa o goleiro foi bem na jogada e o segundo ele pôs para dentro”.
Guto Ferreira comentou sobre as declarações do técnico do A. Paranaense após o jogo, dizendo que o jogo foi muito ruim: “Clássico é duelo, é competição. Ele falou em jogo ruim porque nossa equipe não permitiu que eles jogassem da maneira frouxa que gostam. Nossa equipe dificultou o máximo o jogo deles e conseguiu jogar em cima deles, tivemos muito mais perto do que eles de ganhar o jogo”.
O técnico Coxa-Branca se referiu ao Júnior Chávare com as seguintes palavras: “Tem pessoas que passam pela sua vida e você aprende a gostar, pelo perfil, pelo caráter, pelo respeito e conhecimento. Cada dia que passava eu me tornava mais fã dele, desempenhar do jeito que ele desempenhava, ligando os pontos em todas as áreas não é fácil. Muito do que vocês estão vendo aí tem o dedo dele, demonstrava a mentalidade vencedora com atitudes e comportamentos. É uma perda imensurável”.
Falando sobre o Águia de Marabá, adversário do Coritiba na quinta-feira pela Copa do Brasil, o técnico disse: “Nós assistimos o jogo deles na sexta-feira, nosso departamento está analisando. O campo é de grama alta, o desgaste será maior, um time que joga um futebol de força e velocidade, não muito tático, temos que ir bem arrumados e fazer um grande jogo”.
Sobre o jogo em Marabá, onde deve exigir muito fisicamente dos atletas, Guto foi questionado se dará prioridade aos jogadores mais jovens, e respondeu: “A gente não tem tido medo de colocar os meninos, se tivermos que usá-los, vamos usar. Geovani hoje entrou bem demais, e assim vão ter outros, Natanael que hoje já não é mais um menino, não é mais piá do Couto, hoje é um jogador maduro do Coritiba, e vem encarando a responsabilidade, se impôs em cima de um jogador de seleção uruguaia, já colocamos o Jean, o Brandão, o Eberth, o Ronier, o Diogo, Mateus Dias, Morisco, com 19 anos, Benazzi com 20 anos”.
O técnico Coxa avaliou o trabalho neste início de temporada: “Vejo a equipe demonstrando cada vez mais atitude, coragem, competência, que não se intimida, sempre fazendo resultados importantes, sempre duelando. Nossa equipe tende a crescer na sequência”.
Em relação à defesa, que só não tomou gol em três jogos, se isso preocupa, Guto respondeu: “Se eu tivesse um ataque que fizesse só um gol por jogo, talvez estivesse mais preocupado, se eu tivesse com semanas cheias para ajustes mais expressivos, talvez estivesse mais preocupado. Estou muito tranquilo e vejo a defesa se mostrando cada vez mais forte”.
Sobre o que ficará de lembrança histórica desse Atletiba dos 100 anos, o técnico disse: “Um jogo pegado, não teve nada que se sobressaísse, talvez o falecimento do Chávare, a busca do grupo de tentar homenageá-lo. Só lamento não ter conseguido ganhar o jogo, aí seria mais bonito do que foi”.
Júnior Chávare gostava de trabalhar com jogadores jovens, o próprio Mateus Frizzo foi moldado por ele e vários outros também, o quanto a perda dele pode impactar na questão de crescimento dos garotos que foram moldados por ele: “Quando você perde um dos mentores, os que ficam tem que se multiplicar. Vamos nos multiplicar sem perder algumas ideias que o Chávare nos colocava”, disse Guto Ferreira.
Por último, Guto Ferreira falou sobre a avaliação do trabalho após um mês que começou o campeonato: “Em 10 jogos temos seis vitórias, três empates e uma derrota, para 12 dias de trabalho antes do início do campeonato, e uma equipe em construção que começou a se formar em 6 de janeiro, jogadores dos mais variados lugares nas mais variadas condições físicas. Dos meninos que eram júniores e foram usados, 10 ou 11 jogadores que ano passado estavam jogando no júnior e os resultados mantidos. A avaliação é que estamos no caminho certo e a tendência é melhorar muito”.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)