VÍTIMA?
Em entrevista aos repórteres Marcos Xavier Vicente e Eduardo Luiz Klisiewicz, da Gazeta do Povo, e publicada na noite deste domingo, 4, o vice-presidente licenciado do Coritiba André Macias voltou à cena após um longo período de silêncio. O dirigente chegou a chorar na entrevista, mas manteve a sua postura de ataque e, segundo ele, segue sem saber quais os motivos para as denúncias a seu respeito.
Logo no início da entrevista, Macias afirma não só ter entrado com ações na justiça contra Bruno Kafka (responsável pela divulgação do conteúdo das conversas de WhatsApp), como também deixou no ar a possibilidade deste ato ter sido "premeditado" por um terceiro: "São duas ações cíveis e oito criminais, de cada um que estava no grupo contra o Bruno. Há também oito ações contra o mentor disso tudo, que tem objetivo político de voltar ao clube", disse. Perguntado quem seria o tal "mentor", Macias afirmou que não poderia revelar a pedido de seu advogado.
Em outra passagem da conversa, o integrante licenciado do G5 voltou a insistir que existe uma pessoa por trás disso: "Tem alguém por trás, porque a hora em que ele (o mentor) se desligou do clube também teve o desligamento de algumas pessoas. E essas pessoas procuraram gente de outras alas com o objetivo de derrubar quem estava lá para que pudesse voltar ao clube. O Bruno aproveitou essa história para ir ao núcleo político e falar 'Tenho isso para derrubar o Macias'", continuou.
Ao contrário do que Ney Franco afirmou recentemente, Macias disse também que a única pessoa que tinha contato direto com o departamento de futebol era Ernesto Pedroso e deu uma declaração polêmica sobre contratações: "Desde o momento que o futebol foi blindado e ninguém mais podia participar, quem mandava era o Pedroso. Fui proibido de qualquer coisa em relação ao futebol. Mas havia coisas que eu achava absurdas. De qualquer forma, nunca houve uma pessoa do grupo para derrubar colegas do G5. Eu pessoalmente fui vítima de um isolamento político desde o primeiro dia. Sempre pensei que o Coritiba precisava ter uma integração entre a base e o profissional para revelar jogadores. Mas havia dirigentes que diziam: 'Não, vamos buscar o ídolo no aeroporto com o meu carro para a imprensa fotografar'", seguiu.
Perguntado sobre a sua defesa no Conselho de Ética montado pelo Conselho Deliberativo para apurar os fatos, Macias foi direto: "Do que me acusam? Ninguém sabe. Sou vítima de um golpe (...) Quero dar a maior liberdade para que tudo seja esclarecido. O que não posso é ser condenado sem direito à defesa, o que aconteceu até agora", afirmou, ao justificar o seu pedido de licença.
Perguntado diretamente sobre o fato de Ney Franco ter afirmado que existiam pessoas que atrapalhavam o elenco, André Macias novamente se defendeu: "Eu nunca entrei no vestiário do Coritiba com o Ney Franco como técnico. Vestiário não é lugar de dirigente (...) Em oito meses de gestão fui apenas uma vez ao CT. Fui porque o Pedroso tinha se desligado do futebol, o Bacellar não podia ir e eu falei para o presidente que alguém tinha que ir lá dar tranquilidade ao elenco. Conversei só com o Ney Franco. Disse a ele que estávamos trabalhando firme para que não tivesse qualquer problema extra-campo", justificou.
Em relação à Copa Sul-Minas-Rio, Macias afirma ter sido o mentor e que esta condição despertou inveja no clube: "Eu sou o mentor, com o aval do presidente Bacellar (...) Apesar de o clube ser muito maior do que eu, despertou sim (inveja). O problema do ego é inerente da raça, mas no Coritiba está muito acentuado", pontuou.
Emocionado, o vice-presidente também afirmou que esta história acabou prejudicando a relação com a sua própria família: "Domingo, no almoço da família, eu não comparecia porque tinha jogo. Um dia eu estava almoçando no restaurante com o presidente de um clube e minha mãe me liga dizendo que minha irmã estava internada porque havia acabado de perder um filho. Minha mãe disse que minha irmã me ligou várias vezes para contar da gravidez e eu não atendi. Isso me deu um choque. Quando surgiu a história do WhatsApp, minha mãe passou várias noites em claro. Meu pai é cardiopata e foi internado. Minha família sentiu muito", afirmou.
Por fim, Macias não disse expressamente que quer voltar ao Coritiba. Sua meta, no momento é provar a sua inocência: "Me coloquei à disposição da comissão. Nessa licença voltei aos meus negócios. Meu primeiro objetivo é provar que não prejudiquei o Coritiba. Quero ser absolvido. Depois analiso se volto", finalizou.
Imagem: Paraná-Online
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)