30 ANOS
Olhar para a camisa Alviverde e contemplar aquela estrela dourada no peito é algo que foge do racional. Era 1985, o ano em que o país reconquistava a sua liberdade em todos os sentidos e quis o destino que o futebol também tivesse um novo campeão, como se fosse um marco na história deste esporte.
O palco não poderia ser melhor. O maior estádio do mundo recebia mais de 100 mil pessoas, em uma verdadeira festa do futebol. De um lado, praticamente um Estado inteiro, que depositava suas fichas em um pequeno, porém aguerrido time do Rio de Janeiro que havia deixado os gigantes Internacional e Vasco pelo caminho. Do outro, o Coritiba. E aqui vale a pena voltar um pouco na competição.
O Campeonato Brasileiro de 1985 começou extremamente difícil para o Coritiba. Após um primeiro turno fraco, em um grupo que tinha grandes clubes do futebol brasileiro como Fluminense, Botafogo, Atlético/MG, Corinthians, Palmeiras, Grêmio, entre outros, a equipe Alviverde juntou forças e conseguiu vencer o returno. Justamente por isso, passou à segunda fase.
Lá, reencontrou o Corinthians e teve a companhia de Sport e Joinville. Apenas o líder passava de fase e, de maneira soberba, o Verdão do Alto da Glória foi enfileirando os seus adversários. Aquele time desacreditado e quase eliminado no começo da competição, estava na semifinal!
Moleza? Longe disso. O adversário foi o poderoso Atlético/MG, que tinha uma das melhores campanhas da competição até então e era o favorito destacado do confronto. O gol solitário de Heraldo, no Couto Pereira, foi o suficiente para que o Verdão fosse jogar a partida de volta, no Mineirão, por um empate, e foi justamente isso que aconteceu. Em uma das maiores atuações de um goleiro na história daquele estádio, Rafael Cammarota fechou a meta. O Coritiba calava mais de 65 mil torcedores do Galo e avançava à final!
Então, enfim, voltamos ao Maracanã! Do outro lado, um Bangu que assombrava o Brasil, visto que ganhou os dois turnos da primeira fase e, na segunda, passou como quis por Vasco e Internacional. Na semi, atropelou o Brasil de Pelotas e, por ter melhor campanha, fez o jogo decisivo no Maracanã. E lá, não estava apenas a torcida da equipe do subúrbio carioca, mas uma cidade que adotou o time e o empurrava com vontade.
Começa o jogo e Rafael Cammarota volta a fazer alguns milagres até que o Coritiba tem uma falta praticamente no bico direito da área banguense. Índio vai para a cobrança e solta um petardo fulminante, que vai morrer no fundo da meta de Gilmar. Gol do Coritiba! Gol do meu Coritiba! Explosão em um canto do Maracanã e em todos os cantos da capital paranaense. O sonho começava a virar realidade? Lulinha, dez minutos depois, fez questão de lembrar que nada seria fácil. Empate do Bangu, explosão no Maracanã.
O segundo tempo se desenrolou como se o campeonato inteiro estivesse condensado em 45 minutos. Todas, absolutamente todas as dificuldades enfrentadas passaram em um tempo daquele dia interminável no Maracanã. O Bangu chegou ao segundo gol, anulado pela arbitragem de Romualdo Arppi Filho. Já não era possível superar tamanha emoção. Mas, espera, no regulamento dizia que, caso nenhum dos times conseguisse vencer no tempo regulamentar e na prorrogação, o jogo ia para os pênaltis. Foi o que aconteceu.
Gilson abriu. Gol do Bangu. Índio empatou. Pingo, gol. Marco Aurélio, gol. Baby, gol. Édson, gol. Mário, gol. Lela, gol. Marinho, gol. Vavá e toda a responsabilidade do mundo em suas costas... Gol. Chegou a vez de Ado. Um dos melhores jogadores do time adversário e que fazia excelente temporada. Ele partiu para a cobrança e... FORA!
Lembram daquele sonho que eu havia comentado nos parágrafos anteriores? Pois então, bastava Gomes fazer o gol que ele mudaria de status. De sonho, passaria a ser uma doce realidade. O caminho para a bola parecia, mais ou menos, a distância de Curitiba ao Rio de Janeiro. Com confiança ele bateu e fez explodir a imensa torcida Alviverde. O Coritiba é campeão do Brasil. O Coritiba é campeão do Brasil, dizia uma voz que permanece viva em nossas mentes.
Pois é, o Coritiba é campeão do Brasil e isso ninguém vai nos tirar. Assim como ninguém tira o orgulho de vestir essa camisa e amar este clube. E, com certeza, nossa história de amor vai durar por mais muitos e muitos anos.
Como é bom te ver, campeão de novo!
Imagem: Blog Caixa Preta FC
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)